sábado, 15 de março de 2014

vontade cega

Desafio - Texto 5


Assim que entrei no restaurante, os meus olhos bateram nele.
Moreno, uns olhos verdes que sobressaíam brutalmente numa pele morena, vestido de camisa preta e blazer, também preto.
Sentei-me umas mesas mais à frente, e percebi que também tinha sido notada.
Estava sozinho, tal como eu, que tendo levado uma nega de última hora da minha melhor amiga, recusei-me a ficar em casa, com toda a produção que tinha feito.
Sentia-me extremamente lasciva, e acho que isso transpirava para quem estava à volta. Tinha passado a tarde a trocar mensagens indecentes com aquele meu amigo, e não via a hora de me encontrar com ele para passar das palavras...aos actos. Ele deixava-me louca com aquelas promessas, e com todas as fotografias ordinárias que me mandava. As nossas conversas iam simplesmente ao rubro, ao ponto de ter que me ausentar por mais do que uma vez para o W.C. no trabalho, para me masturbar. Como me sentia capaz de tudo, a roupa acompanhava esse meu estado de espírito. Por baixo de um pouco comportado vestido preto, tinha vestido para aquele jantar, lingerie vermelha de fazer corar uma puta, e sentia que isso me dava um certo poder que não passava despercebido, ainda que ninguém conseguisse vê-la.
Após chegar o vinho que pedi, tomei o primeiro gole, e olhei para aquele homem. Ele acompanhou-me no olhar e no gesto, e decidi cruzar a perna. Tenho a certeza que percebeu imediatamente o limite das minhas meias junto à coxa, por baixo da racha do vestido, que era exactamente o que eu pretendia. Esboçou-me uma espécie de sorriso, e desviei o olhar. Distraída, deixei que umas gotas de vinho me escorressem para fora de boca, tendo-as apartado prontamente, com o indicador, chupando-o, discretamente, em seguida. Senti-me numa sedução batida e barata, mas a minha intenção era simplesmente provocar aquele homem que não conhecia de lado nenhum, e que, só com os olhares que me deitava, já me fazia querer foder loucamente com ele. E se apelar para clichés mexesse com ele, eu estava disposta a experimentar...
O facto de não termos ninguém entre nós, nem sequer na nossa fila de mesas, potenciou a continuação do jogo. À medida que o jantar avançava, as coisas iam-se descontrolando, tendo eu a certo ponto, afastado completamente as pernas para que ele visse o quase inexistente fio-dental vermelho transparente que eu trazia. Ele baixou, discretamente, uma das mãos em direcção ao sexo dele, e entendi aquele sinal, com um indicador claro de que ele já estaria tão entusiasmado como eu.
Uma onda de tesão, incontrolável, invadiu-me repentinamente, e agarrando na pequena bolsa, dirigi-me ao W.C., fitando-o directamente, quando passei por ele.
Já lá dentro, olhava-me ao espelho, pensando em como abordá-lo, lá fora, quando a porta se abre e ele entra. Vi-o, através do reflexo, e não trocámos palavra. Agarrei-me a ele, e trocámos de imediato um fogoso linguado, com ele sentando-me de seguida, em cima da bancada. Juro que naquele instante a única coisa em que eu conseguia pensar era em que ele me fodesse, de forma louca, ali mesmo, sem preocupações com quem pudesse entrar.
Apalpando-me inteira, baixou-me o vestido na zona do decote, e encontrou o meu peito totalmente exposto, no soutien sem copa que trazia. Sugou-me os mamilos, de forma faminta, enquanto eu tentava abrir-lhe alguns botões da camisa. Desceu depois por mim, fez-me inclinar um pouco para trás, e passeou a boca entre as minhas coxas, para logo em seguida, desviar-me a minúscula cueca e enterrar a língua dentro de mim. Lambeu-me fervorosamente, fazendo-me gemer, louca de satisfação, até me vir nele, em espasmos violentos. Não esperei por me recuperar. Levantei-me e puxei-o para dentro de um dos cubículos. 
Fechei a porta e baixei-me à sua frente. Senti-lhe com a mão a erecção descomunal que escondia dentro das calças, e tirei-lhe o membro para fora, abrindo simplesmente os botões, sem sequer as despir. Manobrei-o durante alguns segundos e engoli-o, completamente ávida dele. Fi-lo entrar e sair da minha boca, enquanto o olhava nos olhos e lhe via a fúria de tesão quase a explodir. Subitamente, ele puxou-me para cima e virando-me de costas para ele, subiu-me o vestido, agarrou-me no rabo, afastando o fio-dental e penetrou-me. Não consegui conter um grito de intenso prazer. Enquanto ele me fodia, sentia-me a descarregar a enorme tensão acumulada com aquele meu amigo das mensagens. Entreguei-me por completo aquela loucura, entre dois corpos, cujas pessoas nem o nome uma da outra sabiam, e que faziam bater ao ritmo das investidas, a porta de madeira daquele pequeno quadrado onde estavam. Se alguém entrasse perceberia de imediato o que se estava a passar. 
Quando ele intensificou ainda mais os movimentos, percebi que estava prestes a vir-me. Levei os dedos ao meu clítoris e em pouco tempo, vivi um orgasmo avassalador. Senti-o inundar-me por completo alguns frenéticos segundos depois, acompanhado por um sonoro uivo.
Ficámos breves instantes, ambos de mãos apoiadas na parede, recuperando o fôlego, até que ele afastou-se apenas o possível dentro daquele espaço tão pequeno. Recompondo o vestido, olhei para ele e disse-lhe apenas...obrigada, sorrindo ligeiramente. Abri a porta, olhei-me ao espelho, retoquei apenas rapidamente o baton e saí. Nem voltei para a mesa, pedi de imediato a conta ao balcão.
Abandonei o restaurante com o sangue a correr-me brutalmente nas veias, e enquanto me dirigia ao carro, e lembrava aquele homem com quem tinha acabado de viver todo aquele delírio e do qual nem o nome sabia, só pensava, em como muitas vezes as entranhas do desejo nos cegam por completo e fazem que com cedamos à vontade cega que o corpo nos impõe.


4 comentários:

Imprópriaparaconsumo disse...

Continuamos quente por aqui!! : P

Baby suicida disse...

Sim :) ainda que isto aos fins de semana com este tempo de belo sol, tudo mais arrefeça ;)

Aperto

Anónimo disse...

O desconhecido que atrai e se pode transformar em explosões de prazer ... Um risco estimulante!!!
Beijo

Anónimo disse...

Não querendo ser desmancha-prazeres,
espero que o "artista" seja tão bem prevenido como o AA e em todo aquele arrebatamento, não tenha esquecido algo essencial...
Sim, quebra o ritmo da história, eu sei, mas "safeti first".

(lá no meu restaurante não foi, nunca me teria escapado...) :))

Jinhos